“O não é uma palavra curta capaz de resolver muitos problemas compridos.”
A Eficácia Interpessoal se refere a uma das habilidades utilizadas para treinamento em DBT (Terapia Comportamental Dialética) que envolve a interação funcional com o próximo. Ela é no nobre no sentido de sua complexidade e importância. Sua função é construir pontes onde elas não existem mais ou conserta-las antes que essas conexões se quebrem. Ela envolve uma profunda e irrestrita aceitação dos seus limites e, os do outro, e utiliza como ferramenta principal tanto a palavra quanto o silêncio.
A palavra Eficácia, no termo, remete ao fato de que uma comunicação suficientemente boa envolve ter um objetivo claro e garantir que este objetivo esteja acima de suas vontades, desejos e emoções. Apenas com um objetivo claro, sendo ele entender um problema, fazer uma solicitação ou alcançar um objetivo, é que podemos ter sucesso em nossas interações.
A Eficácia Interpessoal tem objetivo de conseguir que outras pessoas façam o que você quer ou precisa, além de garantir que levem em conta sua opinião. Nunca podemos subestimar o quão difícil é sabermos o que queremos ou o que precisamos. Aliás é comum confundirmos o que queremos com o que precisamos assim como com o que desejamos.
Colocar limites é também uma das funções da Eficácia Interpessoal. Para muitos dizer não pode ser mais difícil do que parece. Dizer não significa não permitir que mágoas e problemas se acumulem, significa romper ligações que não funcionam de maneira a manter o equilíbrio nas relações. E isso envolve disciplica, aceitação do mal estar causado pela mudança e treino, muito treino.
Por exemplo, algumas questões que atrapalham o uso das habilidades de Eficácia Interpessoal são emoções como orgulho, medo, alegria, vergonha e culpa; dizer não para tudo ou ceder a tudo que lhe é solicitado; pedir muito para as pessoas ou nunca pedir nada; da mesma forma, se preocupar demais com as consequências de um pedido de ajuda ou mesmo não refletir antes de negar ou aceitar um pedido a alguém.
Um das principais dicas para melhorar as relações é buscar solucionar um problema de cada vez, assim pode-se resolver os conflitos antes que se tornem avassaladores.
– Quais passos tenho que seguir para resolver o que tenho que fazer?
– Quais coisas posso resolver mais facilmente?
– Qual delas vai fazer com que me sinta melhor?
Vale lembrar que devemos agir sempre respeitando nossos valores e crenças, lutando por nossas ideias e opiniões seguindo nossa mente sábia. O autorrespeito perpassa interações em que nos sentimos competentes e eficazes e não impotentes ou dependentes dos outros.
É importante avaliar as relações à nossa volta, fazer um levantamento criterioso das evidências se a relação é benéfica ou não. Depois disso, se o objetivo é construir (ou manter) uma boa relação devemos agir de tal maneira que a outra pessoa goste e te respeite equilibrando objetivos imediatos com o bem estar da relação à longo prazo.
Por fim, a palavra de ordem é equilíbrio. Equilíbrio dos desejos e deveres somados a um bom domínio emocional podem ajuda-lo da discernir qual o melhor passo: o sim ou o não.
Erik Sampaio é psicólogo clínico (CRP 08-19383) formado pela Faculdade Evangélica do Paraná (2013), possui especialização em Terapia Cognitivo Comportamental – TCC – pelo Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (2015). Tem especialização em Terapia Comportamental Dialética (The Linehan Institute, 2016), portanto possui vasta experiência com pacientes com transtornos psiquiátricos severos com risco de suicídio e/ou automutilação. Desde 2019, atua como professor convidado do curso de Pós-Graduação em TCC na Universidade Tuiuti do Paraná, realizando supervisão de atendimentos clínicos e orientação de trabalhos acadêmicos.
Vai me ajudar com a paciente que falamos hoje em supervisao! Obrigada!!