“O que precisaríamos perder em nossas vidas para que a morte seja uma solução viável para nossos problemas.”
Quando falamos de suicídio, o terror do tema e sua sobriedade, foge de nossa vista os aspectos práticos do fato, tanto sua história como sua construção na linha de vida do indivíduo. O suicídio não é um evento único, mas uma conjunção de fatores que culminam em um ato triste e tétrico.
A crise suicida nos convida a pensar sobre os fatores pré-crise, aqueles que são invisíveis aos olhos e, portanto, reverberam de forma devastadora naqueles que ficam para trás.
Um dos fatores é o que chamamos de tripé de risco e é composto pelas seguintes bases: propensão biológica, impulsividade/agressividade e sentimento perene de vazio. A propensão biológica pode ser detectada pelos profissionais de saúde através de uma anamnese detalhada do histórico psiquiátrico e familiar do paciente, prestando especial atenção a comportamentos de risco e sintomas crônicos. Os traços impulsivos com frequência são relatados pela família, por amigos ou pelo próprio paciente. O sentimento de vazio é comum (mas não mandatório) em pacientes de risco que, por vezes, relatam uma imensa dificuldade em controlar suas emoções.
O suicídio é sempre uma solução disfuncional para um problema. Aos profissionais de saúde cabe pensar e descobrir o problema a ser solucionado na vida do paciente. Ao paciente cabe estar atento a pensamentos suicidas intensos e frequentes.
As tentativas de suicídio, ao contrário do que muitos alegam, não são para chamar a atenção. É preciso ser afável sim, com a pessoa neste momento. Trata-se de uma teia intrincada de comportamentos reforçados desde a tenra infância, fatores biológicos latentes e emoções descontroladas em uma escala difícil de colocar em palavras.
Aos familiares e amigos, fiquem atentos, não minimizem os comunicados, as sinalizações repetidas. Mudanças súbitas devem ser vistas com cuidado. As alterações de vida inesperadas que podem ser observadas em discursos como “Vou me mudar para a Indonésia” ou situações de grande estresse como “Perdi uma amizade muito importante”, isolamento social ou melhora súbita num quadro crônico como por exemplo, fazer subitamente as pazes com todos os desafetos e se reconciliar com familiares com os quais a pessoa não falava há anos, são coisas a se observar.
Para ajudar é mais simples do que parece. Ouça, ouça de verdade, acolha no que puder. Seja franco. Preste auxílio para que a pessoa busque ajuda. Procure tratamento. Durante a crise, evite deixá-las sozinhas.
O olhar atento a comportamentos que ameacem a vida ou que interfiram na qualidade de vida dessas pessoas é prioridade.
Nunca esqueça que do ponto de vista terapêutico, o paciente quer melhorar mesmo sem saber como. Daí a importância de uma atuação profissional para que seja possível o paciente aprender novos comportamentos de resposta às demandas da vida, pois ele pode não ser responsável por todos os problemas que o afligem.
Outra maneira de amparar uma pessoa com ideias suicidas é utilizando alguns aplicativos como:
. Daylio: Diário de humor que ajuda no processo de percepção das oscilações de humor. (7 dias grátis e, depois, R$12,90/mês)
. What’s up? A Mental Heath App: Atividades simples que ajudam na manutenção de ansiedade, depressão, raiva e estresse. (Gratuito)
. SAM – Self-help Anxyety Management: Reúne diversos exercícios práticos para auxiliar na manutenção da ansiedade.
. Stay Alive: Pacote de ferramentas úteis para crise ou para ajudar alguém em crise. Apresenta recursos para ajuda local e é customizável. (Gratuito)